Visitei este belo espaço nacional em 2009, mas por alguma razão só agora trouxe este “facto” ao blog.
Antes de iniciar esta pequena
resenha, sinto-me na obrigação de responder à pergunta: Buçaco ou Bussaco?
Os linguistas consideram Bussaco
como sendo a grafia arcaica de Buçaco.
De todas as referências, aquela
que achei mais interessante está presente no blog
“linguagemdaciencia.blogspot.pt” e refere que ambas as designações são
aceitáveis, embora a mais correta seja mesmo Buçaco. Adianta o mesmo blog que
“a explicação para as duas grafias bastante prosaica. A maioria das línguas dos
turistas que visitam o local não tem o "c" cedilhado, pelo que estes
seriam tentados a ler o nome da região como "Bu-Ca-Co".
Convencionou-se então que, para facilitar a dicção, se aceitaria também a
grafia "Bussaco", essa sim, inconfundível e lida de maneira uniforme
em português, inglês, espanhol ou francês.”
Para além das matas, assume
espetacular importância o não muito grande, mas requintado palácio feito, hoje,
de hotel de elevada categoria, considerado por muitos dos mais românticos e belos
do mundo.
De estilo neomanuelino, foi
projetado nos finais do séc. XIX pelo arquiteto Luigi Manini, cenógrafo do
Teatro Nacional de São Carlos, que havia sido trazido para Portugal pela mão da
rainha D. Maria Pia de Saboia, mulher do rei D. Luis I, e filha de Victor
Emmanuel II de Itália. Misturou elementos de vários monumentos nacionais como
seja a Torre de Belém, o Mosteiro dos Jerónimos ou o Convento de Cristo em
Tomar.
Foi mandado construir pelo rei D.
Carlos I, para servir de pavilhão real de caça e demorou 9 anos a ser construído,
entre 1888 e 1907, no local do convento ali existente.
Tratara-se do Convento de Santa
Cruz do Buçaco, da Ordem dos Carmelitas Descalços, fundado em 1634 e que passou
para a posse do Estado, aquando da extinção das ordens religiosas em 1834.
Segundo os especialistas, a
estrutura exibe perfis da Torre de Belém lavrados em pedra de Ançã, motivos do
claustro do Mosteiro dos Jerónimos, alguns arabescos e florescências do
Convento de Cristo, alegando um gótico florido com episódios românticos em
contraste com uma austera severidade monacal.
A decoração interior é toda ela
alusiva aos descobrimentos, através de painéis de azulejos, frescos e quadros,
todos de grandes mestres nacionais. Perfeitamente interligados com estas obras,
encontramos um elegante conjunto de tapeçarias e mobiliário hindu, chinês, mas
também português.
A beleza dos jardins concorre com
toda a envolvente. Segundo consta, estes jardins ainda pertenciam ao Convento.
No início de Agosto de 1904, o
rei D. Carlos visitou o Buçaco, ali permanecendo três dias. Ficou de tal
maneira entusiasmado que prometeu voltar com a rainha. Cumpriu rapidamente a
promessa, e em finais do mês, regressou acompanhado da rainha D. Amélia de
Orléans e Bragança.
Organizou festas, bailes e
concertos, e “chegando, em ocasiões especiais, mesmo a dar aos seus convidados
o prazer de ouvir a sua bela voz de barítono”.
O Buçaco também foi cenário dos
amores do jovem rei D. Manuel II com a artista francesa Gaby Deslys que,
segundo relatos, era invulgarmente bela e talentosa, e que havia conhecido em 1909
no Théâtre des Capucines, em Paris, onde era então a estrela da revista “Sans
Rancune”. A 12 de Julho de 1910, ali se refugiaram furtivamente, tendo
permanecido durante seis semanas.
Foi também justamente aqui que se
realizou a ultima cerimónia oficial da Monarquia Portuguesa, quando da
comemoração do centenário da Batalha do Buçaco, a 27 de Setembro de 1910, tendo
o jovem rei partido para o exilio uma semana depois, quando da eclosão da República.
Foi precisamente em 27 de
Setembro de 1810 neste, que é hoje um lugar calmo e prazeroso, o palco de uma
importante batalha aquando da terceira Invasão Francesa. De um lado, em atitude
defensiva, encontravam-se as forças anglo-lusas sob o comando do
Tenente-general Arthur Wellesley, visconde Wellington. Do outro lado, em
atitude ofensiva, as forças francesas lideradas pelo Marechal André Massena. No
fim da batalha, a vitória mostrava-se nitidamente do lado anglo-luso.
Os franceses tiveram 4.486
baixas, incluindo cinco generais. Os Aliados tiveram 1.252 mortos e feridos
durante esta batalha que é considerada um modelo defensivo.
GPS: N 40º 23' 25.35; W 8º.23'
16.41
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